O
segundo artigo da minha volta ao Gargalhando vai se tratar do seriado original
da Netflix, House of Cards (2013). A primeira temporada, que possui apenas 13
episódios, foi candidato e premiado em diversas premiações do setor. Pode ser
original da Netflix, mas a história de nada é original, e foi baseada o no
seriado britânico homônimo que passou na BBC em 1990.
O
drama político consiste em contar o dia a dia do deputado federal democrata
pela Carolina do Sul Frank Underwood, que também é líder da maioria na Câmara,
mas atua principalmente como líder do governo na casa legislativa. Após ser
passado para trás quando não foi apontado Secretário de Estado americano, ele
resolve se vingar de todos que o traíram, inclusive o presidente dos EUA,
incluindo todo o tipo de tramoia, articulação e manipulação política que se tem
direito.
O
que mais chama atenção no forte enredo, é a forma com que o personagem
principal se direciona ao telespectador. Sim, o personagem, de vez em quando,
quebra a narrativa, olha pra câmera – ou seja, diretamente para você –, e
explica alguma coisa, desabafa ou apenas dá uma piscadinha maliciosa.
Além
disso, o casamento de Frank (Kevin Spacey) com Claire (Robin Wright), também é
intrigante. Modernos, eles não querem e nem pretendem ter filhos. Cada um deles
vive sua própria vida – Claire possui uma ONG que apoia a despoluição das águas
–, cuidando dos próprios negócios e, de vez em quando, precisam usar da
influência do outro para conquistar alguma coisa no jogo político.
Casos
extraconjugais também são permitidos, desde que sejam mecânicos e com algum
interesse por trás, nunca por amor. E nem pense em dizer que no casamento de
ambos não há amor, pois não somente há como eu acredito. Além de amor,
confiança e sinceridade são virtudes das quais ambos louvavelmente se apoiam.
Divagações
filosóficas e morais à parte, o seriado é complexo de se entender, caso você
não seja familiarizado com o sistema político norte-americano, que difere em
quase tudo do brasileiro. Mas vale a pena compreender e dar umas pesquisadas
(na Wikipédia mesmo) de como funciona para entender melhor. Outros temas polêmicos
também são apresentados de forma natural, o que quebra alguns tabus e, ver como
a política funciona de fora e de dentro, é de fato interessante.
Indo
ao contrário das minhas expectativas, o jornalismo (a parte que me toca), é
abordado superficialmente. Em outras palavras, Zoe Barnes (Kate Mara), uma jornalista
ambiciosa inicialmente do impresso fictício The
Washington Herald, não me representa. Mas é sempre bom assistir como a
mídia é trabalhada na ficção e qual o espaço que o jornalismo exerce juntamente
com a política. Espero ansiosamente para a segunda temporada, já confirmada
pelo serviço de streaming de conteúdo.
Por Gabriel Johnson (@80cao)
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