A academia parece estar levando a sério a ideia de deixar uma dupla no comando do evento. Este ano, tivemos dois grandes jovens na liderança da cerimônia, James Franco (127 Horas) e Anne Hathaway (Amor e Outras Drogas). No entanto Franco ficou ofuscado pelo brilho sem graça e nervoso de Anne Hathaway, sua falta de "vontade" deixou todo o peso da apresentação nos ombros da apresentadora, que tentava contornar a situação (leia-se, fazer a apresentação sozinha).
Foi uma apresentação sem graça no item apresentadores, o que já havia acontecido ano passado, primeiro ano de duplas à frente da premiação após anos de apresentadores individuais, mas foi deixado de lado pelo fato de o evento ter sido apresentado por dois ícones do cinema: Steve Martin e Alec Baldwin. Porém este ano, com muito mais recursos financeiros do que na 81ª edição, ano em que a cerimônia estava em risco devido a greve do sindicato dos roteiristas, a escassez de criatividade e interatividade conseguiram superar a tentativa de Anne Hathaway de fazer uma cerimônia descontraida. Com certeza, não será uma experiência que deverá ser repetida.
Quanto aos principais vencedores. Discurso Do Rei levou quatro estatuetas, melhor roteiro original, melhor ator, melhor diretor e melhor filme. O filme recebeu os principais prêmios merecidamente, conseguiu transportar a seriedade e o glamour da década de 40, período em que passa o filme, para a modernidade.
Apesar dos dez inscritos à categoria de melhor filme, a disputa estava claramente entre "O Discurso do Rei" e "Cisne Negro". Desconsidero a hipótese de colocar "A Rede Social" por este ter sido um filme de explosão e ser gritantemente o reflexo do que está acontecendo do século XXI, porém, apesar de ter ganho prêmios técnicos e ter merecidamente seu roteiro reconhecido, o filme não tem força/capacidade de se igualar aos dois grandes monstros que estavam na disputa.
As duas categorias que mais me surpreenderam foram a de fotografia e trilha sonora. A primeira tendo como vencedor "A Origem" e a segunda "A Rede Social". Nesta categoria o que deve ser analisado é o ambiente como um todo, analisar se está tudo em perfeita harmonia sem que haja itens que possam destoar. O filme realmente possui uma fotografia bem construída, mas talvez não seja tão bem feita quanto em "Bravura Indômita" ou "Cisne Negro". No primeiro, a reconstrução do ambiente típico de faroeste e no segundo, o ambiente da dança. A segunda categoria me surpreendeu por "menosprezar" dois grandes músicos Hans Zimmer (Rei Leão) e Alexandre Desplat (O Curioso Caso de Benjamin Button), não desmerecendo o trabalho também bem feito de Trent Reznor e Atticus Ross, mas não estava ao nível dos outros candidatos.
Os fãs de Harry Potter que este ano foram agraciados com indicações do filme ao BAFTA e ao Oscar ficaram mais uma vez a ver navios. As duas categorias em que concorria, direção de arte e efeitos especiais, talvez tivessem sido vencidas caso não houvesse no caminho, em relação a primeira, "Alice No País das Maravilhas" e, em relação a segunda, "A Origem" e também "Alice No País das Maravilhas". O que acontece em relação aos efeitos visuais é bem claro, os efeitos apresentados em Harry Potter já são considerados normais, já são uma extensão do filme e por isso a banalidade. São efeitos ótimos, mas não surpreendem mais.
Como um todo, pode-se dizer que a premiação foi previsível, seguiu as tendências da maioria das premiações, alguns momentos de tensão aconteceram, mas perdoáveis por tratar-se da maior premiação cinematográfica do mundo e deslizes não aconteceram como no Globo de Ouro. Foi um edição justa, onde todos eram merecedores, mas apenas um poderia ser escolhido, porém os escolhidos foram realmente dignos de Oscar.
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